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Vista frontal do Educandário Magalhães Bastos. |
Nome
Da sua fundação em 1904 até o
começo da década de 1960, foi nomeado de “Azylo da Infância Desvalida de ambos
os sexos”. A partir do começo da década de 1960 até os dias atuais, foi nomeado
de “Educandário Magalhães Bastos”.
O que é?
O Magalhães Bastos é um
educandário que tem uma escola da rede municipal de ensino integrada às suas
instalações, e que atende crianças carentes da comunidade em que está inserida.
O prédio começou a ser construído em 1897 e foi inaugurado em 1904 como um internato
para crianças órfãs. A instituição pertence à Santa Casa de Misericórdia do
Recife, sendo gerida pela própria Santa Casa e também pela irmandade “Filhas da
Caridade de São Vicente de Paulo”. O Educandário funciona de segunda a sexta,
das 7 às 17 horas, oferecendo serviços socioeducativos complementares à escola,
como forma de ocupar integralmente o tempo das crianças com faixa etária dos 07
(sete) aos 12 (doze) anos.
Localização
O Educandário Magalhães Bastos
está localizado na rua Francisco Lacerda, sem número, no bairro da Várzea, município
de Recife, Pernambuco, CEP 50741-150. A rua do Educandário é transversal à rua
Amaro Gomes Poroca, que tem na sua extremidade leste a parte de trás da
Universidade Federal de Pernambuco, e na sua extremidade oeste as Praças da
Várzea e Pinto Dâmaso. A localidade em que está inserido o Educandário é
totalmente urbanizada, sendo rodeada por algumas comunidades pobres. Na outra
extremidade da rua Francisco Lacerda estão localizadas a Igreja Matriz de Nossa
Senhora do Rosário e a Igreja de Nossa Senhora do Livramento, que ficam ao
redor da Praça do Rosário.
Justificativa
Constatou-se ao longo da pesquisa que o Educandário Magalhães Bastos deve ser considerado patrimônio não apenas pela sua arquitetura diferenciada (contrastante com as demais construções ao redor de todo o bairro da Várzea), mas também pelos serviços que presta à população da comunidade em que está inserida, desde a época de sua fundação. O edifício tem tanto valor arquitetônico quanto social e religioso para os funcionários da instituição e moradores do bairro.
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Vista frontal da capela do Educandário. |
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Interior da capela. |
Períodos importantes
O “Azylo da Infância Desvalida
de ambos os sexos” começou a ser construído em 1897 por Napoleão Duarte, sendo
que o asilo apenas começou a funcionar em 1904, ano de sua fundação. Desde sua
fundação até o início da década de 1960, funcionou como um internato para
crianças órfãs ou carentes que vinham de cidades próximas. A partir do começo
da década de 1960 até os dias atuais, a instituição mudou de formato e acabou
com o internato, passando a funcionar como uma instituição de assistência
social que desenvolve atividades socioeducativas para crianças carentes da
comunidade em que o prédio está inserido. Foi a partir de então que a instituição
deixou de ser chamada de “asilo” para se chamar “Educandário Magalhães Bastos”.
A única data especial no calendário do Educandário é o 11 (onze) de Novembro,
que foi instituído como um dia de atividades especiais em homenagem ao fundador
da instituição, o comerciante e comendador Antônio José de Magalhães Bastos.
Todos os anos, nesse dia, é celebrada a memória do patrono da instituição,
inclusive com atividades para as crianças que envolvem testes de conhecimento a
respeito da história de vida desse personagem.
Histórico do Lugar
O prédio onde hoje funciona o Educandário Magalhães
Bastos começou a ser construído em 1897, com projeto do engenheiro Napoleão
Duarte. Teve originariamente o nome de “Asylo da Infância Desvalida de ambos os
sexos”. Tendo sido encomendado pelo rico comerciante português Antônio José de
Magalhães Bastos, que em seu testamento expressa que a finalidade do prédio
deveria ser atender a comunidade carente do bairro da Várzea e de outras
localidades, em específico no tocante do serviço ao infante de ambos os sexos,
em condição de orfandade e carência.
Magalhães Bastos veio a falecer antes do
término das obras. Estando ele sem herdeiros, pois havia perdido seus dois
filhos e sua filha, passou a propriedade do prédio e muitos de seus bens para a
Santa Casa de Misericórdia do Recife. Além disso, também deixou para a Santa
Casa suas ações na Fábrica de Beberibe e seus imóveis espalhados pelo Recife.
Em 1904, ano de sua fundação, o prédio foi intitulado de “Azylo
da Infância Desvalida de ambos os sexos” pela Santa Casa, que homenageia seu
fundador através de uma placa presente na entrada do prédio. Os trabalhos
realizados no prédio nesse período foram basicamente de internato. Nele, as
crianças recebiam instrução educacional e profissional e, seguindo o desejo de
Magalhães Bastos, as mais proeminentes eram empregadas pela Santa Casa.
A partir do começo da década de 1960 até os dias atuais,
a instituição mudou de formato e acabou com o internato, passando a funcionar
como uma instituição de assistência social que desenvolve atividades
socioeducativas para crianças carentes da comunidade em que o prédio está
inserido. Foi a partir de então que a instituição deixou de ser chamada de “asilo”
para se chamar “Educandário Magalhães Bastos”. Visto que o caráter de orfanato
estava em mudança, agora o prédio seria usado de fato como Educandário e as
crianças atendidas passariam apenas 8 horas nos trabalhos da instituição, sendo
posteriormente devolvidas a um familiar ou responsável. Essa é a dinâmica do
Educandário até hoje.
Significados
Atualmente, o Educandário permite às famílias do bairro
dispor de uma instituição que oferece tanto Educação formal para as crianças
(no caso da Escola da rede municipal existente no prédio) quanto um centro de
desenvolvimento de atividades socioeducativas, tais como oficinas de
serigrafia, música, pintura (desenho), entre outras. Dessa forma, representa
para essas famílias a possibilidade de deixar suas crianças durante o dia
(enquanto trabalham) desenvolvendo atividades nos dois ambientes, onde podem
buscar uma formação que vai além da formação escolar tradicional.
Além disso, também é um centro de desenvolvimento de
atividades religiosas, já que a instituição pertence à Santa Casa de
Misericórdia do Recife e é gerida por essa e pela irmandade das “Filhas da
Caridade de São Vicente de Paulo”, entidades instituídas e baseadas na religião
católica apostólica romana. Portanto, o Educandário representa para as famílias
da comunidade uma oportunidade de acompanhamento escolar e religioso para suas
crianças. Isso se reflete nas próprias atividades cotidianas do Educandário, já
que essas são sempre acompanhadas de outras atividades de natureza religiosa
(tais como assistir missas na capela, fazer orações e rezas regulares ao longo
do dia, entre outras).
É perceptível o sentimento de
gratidão de uma parte de ex-alunos da instituição, que desenvolveram fortes
laços de afetividade com o Educandário durante o seu tempo de estudos. Muitos
deles hoje são professores da própria instituição, enquanto outros seguem suas
atividades acadêmicas em cursos superiores e atividades de pós-graduação, sendo
sempre lembrados com muito orgulho pelos funcionários da escola. Ainda da parte
desses, a entrevista com a gestora revelou um senso de responsabilidade
(enquanto instituição educacional e de assistência social) em ajudar as
crianças que frequentam o educandário, muitas delas vivendo em condições de
vulnerabilidade social e dentro de famílias desestruturadas.
Pessoas envolvidas
O prédio foi construído em 1897 por
Napoleão Duarte e encomendado por José Magalhães Bastos, mas por ocasião de sua
morte, hoje o prédio está sob a direção da Santa Casa de Misericórdia.
Atualmente no local funciona um Educandário, mantido pelo mesmo órgão
supracitado, estando sob a gestão da Irmã Helena, madre e mantenedora do
edifício. O usufruto do local se dá principalmente pelos seus 500 alunos e esporadicamente
de seus familiares e ex-alunos, nas dependências do edifício foi cedida pela
Santa Casa um espaço que funciona como uma escola da rede municipal do Recife.
O prédio conta também com um
contingente de profissionais contratados pela Santa Casa, que vão desde
professores a zeladoras e vigilantes, uma recepcionista e uma equipe
administrativa. No Educandário também trabalham uma nutricionista e uma
psicóloga, além de uma assistente social, esses profissionais juntamente com o
corpo docente de professores de reforço escolar, música, marcenaria e outros
formam, basicamente o conjunto de pessoas envolvidas no lugar.
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Pátio do Educandário. |
Atividades que acontecem no lugar
O prédio, desde sua fundação tem como objetivo atividades
educativas e sociais, que são marcas no retrato do local. As celebrações de
missas e outras atividades religiosas são reservadas aos alunos e familiares,
festas e eventos do bairro não são sediados na escola. Contudo as atividades da
Santa Casa são bem presentes e realizadas lá, o Educandário em particular se
reserva o direito de comemorar em especial o “Dia do Fundador” que reúne alunos
ex-alunos e familiares.
As atividades educativas realizadas no prédio não são de
todo escolares, visto que se trata de um Educandário, mas ainda assim guardam
semelhanças, nas dependências do complexo são realizadas aulas de música,
artes, marcenaria, serigrafia, informática, reforço escolar e outras atividades
pedagógicas e de lazer.
Avaliação
O Educandário Magalhães Bastos é um ponto de referência
no bairro da Várzea, não só por apresentar um histórico de suma importância e
um caráter formador da identidade local do bairro, com seus aspectos
arquitetônicos e históricos que fazem dele um marco singular na face do bairro.
A importância do Educandário para o bairro se exprime para muito além dos
aspectos físicos da edificação, mas se demonstra no trabalho social centenário
realizado ali, sempre visando manter o espírito de auxílio ao carente. A face
formadora e educadora do Educandário, mostra-se em sua história no bairro
através da formação de nomes relevantes no bairro e mais ainda pelo fato de que
muitos de seus moradores passaram por seus corredores.
Apesar de não ser um espaço diretamente aberto a toda a
população do bairro, o educandário fornece serviços que abrangem-no em sua
totalidade, por essa razão o apreço e o cuidado para com o patrimônio em
questão é mostrado tanto pelos que trabalham quanto pelos os que usufruem de
seus serviços. Mais ainda o cuidado em preservar o prédio e a instituição que
ele abriga vem sendo uma marca da população circunvizinha à edificação. A
preocupação no entanto, é de preservar esse sentimento entre as gerações, para
que o significado não deixe de ser cultivado e assim deixando, torne-se o
edifício nada mais do que um fragmento de seu propósito original.
Recomendações
Por fim, através das observações de campo, foi possível
chegar a apenas uma conclusão acerca de recomendações para melhorar a
preservação do prédio: que as famílias das crianças sejam atraídas de alguma
forma a participar mais da realidade das atividades da escola. As reuniões
pedagógicas são frequentas por poucos familiares ou responsáveis e, além disso,
apenas se tomou conhecimento de um canal de interação entre familiares e a
comunidade escolar: as comemorações do dia 11 (onze) de Novembro, em homenagem
a Antônio José de Magalhães Bastos.
Contanto que os familiares se
sintam também parte da comunidade escolar, poderão também participar mais efetivamente
dos processos que resultam em uma preservação mais efetiva dos estabelecimentos
do Educandário. Assim, a Santa Casa (junto com a gestão do Educandário e da
Escola municipal) poderia pensar em mecanismos de participação dos familiares
das crianças nos processos de tomada de decisão da realidade escolar. Assim,
sentindo-se parte de fato da comunidade escolar, como bem defendem os
princípios da Gestão Democrática (presentes na Constituição Federal e na Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional/1996), é que as atividades escolares e
a relação da instituição com os familiares podem ser melhor aproveitadas,
visando o bem comum (das crianças, principalmente).
òtima obra que deve ser incentivada por todos.
ResponderExcluirMeu irmão, Sebastião e minha irmã Maria José, estudaram neste educandário, na fase em que ele funcionou como internato, ele na década de 30 e ela na de 40.
ResponderExcluirHá bem da verdade, se não fosse pelo falecimento da minha mãe, eu teria também estudado nesse colégio, quando ele ainda tinha seu primeiro nome: "Azylo da criança desvalida de ambos os sexos", que de fato era um orfanato, que só aceitou meus irmãos como internos, por que minha mãe inventou que eles eram órfãos, quando na verdade meu pai estava belo e faceiro, cheio de saúde.
Hoje tenho quase oitenta anos e os personagens aqui mencionados, já estão em outra dimensão. Nelson L. Gomes
Minha avó materna foi criada e se casou na capela do Azilo Magalhães Bastos, na década de 30. Minha mãe hoje com 80 anos também foi interna do Azilo Magalhães Bastos, na década de 40. Foi criada pelas irmãs de caridade Irmã Clotilde Pereira (madre superiora), irmã Joseja, irmã Paulina e irmã Vicência. Todas foram uns anjos na vida dela de todas as crianças da época.
ResponderExcluirFui interna na decada de 1940 Minha mãe foram as santas freiras ( 4 ) . Agradeço infinitamente a todos e principalmente a Deus.
ExcluirUm lugar muito acolhedor.
ResponderExcluirEu estudei nessa escola,minha professora chamava Maria Betânia saudades
ResponderExcluirSaudades dos meus amigos da escola dos anos 90_98
ResponderExcluirEstudei dois anos 66 e 67 nesta instituição, foi nela que aprendi a rezar e formar meu carater. Hoje sou psicólogo e jamais esqueci da minha primeira professora, Maria de medices pires sá e souza! Tenho 63 anos me chamo José Maria dos Santos.
ResponderExcluirEstudei nesse Educandario de 1974 a 79,meu nome era Marcelino e tinha o apelido de Pinto Pelado. Ainda lembro quem botou q foi uma copeira chamada Elizabeth.Saudades do Padre jorge, d.Maria Jose,Irma Helena,da Rural ,dos Amigos etc. Se alguem for desse tempo e lembrar de mim.Fala no meu zap 81-984945240
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